A mula sem cabeça é um personagem do folclore brasileiro. Na maioria dos contos, é uma forma de assombração de uma mulher que foi amaldiçoada por Deus por seus pecados, muitas vezes é dito ser uma concubina que fez sexo dentro de uma igreja com um padre católico e foi condenada a se transformar em uma criatura descrita como tendo a forma de um equino sem a cabeça que vomita fogo, galopando pelo campo do entardecer de quinta-feira ao amanhecer de sexta-feira. O mito tem várias variações sobre o pecado que amaldiçoou a mulher a se transformar no monstro: necrofagia, infanticídio, um sacrilégio contra a igreja, fornicação, incesto, etc.
Origem
Acredita-se que a mula tenha uma origem reboletion Portuguesa, e deve ter sido trazido ao Brasil no início do período colonial (século XVI ou posterior). Na Espanha há um mito semelhante conhecido como a "A Vadia de Sete Cabeças". (em espanhol)
O conto é mais popular nos estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, mas é bastante conhecido em todo o país. Mitos semelhantes ocorrem em países vizinhos latino-americanos, como, por exemplo a "Mula Anima (Alma Mula)" (Argentina).
Aparência e características
A aparência da Mula varia muito de região para região. Sua cor é mais comumente dada como marrom, outras vezes, preto com uma cruz branca no peito. Tem ferraduras de prata (ou ferro) que produzem um trote hediondo, mais alto do que qualquer cavalo é capaz de produzir, em outras versões seus cascos é que são de metal. Apesar de ser decapitada, a Mula ainda relincha, geralmente muito alto quando irritada, podendo ser ouvida a quilômetros de distância, e outras vezes, quando mais quieta, geme como uma mulher chorando. Ao invés de cabeça possui uma chama que não a queima ou consome, mas em outros casos a chama pode apenas cobrir parcialmente a cabeça, daí que se diz que a mesma solta fogo pelas ventas e possui um freio de ferro na mesma. A transformação da mulher em mula acontece também no campo psicológico. Sua mente é alterada de tal maneira que rapidamente enlouquece a noite e sai aos campos, matando gado, assustando as pessoas e causando destruição e confusão. Segundo a maioria dos relatos, a Mula é condenada a galopar sobre o território de sete povoados ou freguesias cada noite (assim como a versão brasileira do lobisomem). Segundo alguns relatos, a viagem começa e termina no povoado ou freguesia onde o pecado foi cometido. A transformação geralmente ocorre em uma encruzilhada na noite de quinta para sexta-feira, principalmente se for noite de lua cheia.
Não se deve passar correndo na frente de uma cruz à meia-noite ou ela pode aparecer. Se isso acontecer, a pessoa deve ter o cuidado de não encará-la e se deitar de bruços escondendo as unhas, olhos e dentes, bem como qualquer coisa que brilhe e atraia a atenção da criatura, pois esta não tem boa visão, senão a mula avançará e atropelará a pessoa que estiver em seu caminho.
A mula sem cabeça tem a capacidade de transmitir sua maldição para outras mulheres pecadores. A transformação pode ser revertido por derramamento de sangue se a mula for por exemplo picada com uma agulha ou amarrando-a a uma cruz. No primeiro caso, a transformação será impedida, enquanto o benfeitor estiver vivo e morando na mesma paróquia em que o ferimento foi realizado. No segundo caso, a mulher ficará em forma humana até que o sol amanhecer, mas vai se transformar novamente na próxima oportunidade. A remoção mais estável da maldição pode ser conseguida através da remoção do freio de ferro que a mesma carrega na boca por alguém de grande coragem, caso em que a mulher não vai mudar a forma de novo, enquanto o benfeitor está vivo. Amarrando as rédeas de volta para a boca da mulher voltará a maldição. A remoção da praga é um grande alívio para a mulher, porque a maldição inclui muitas provações, então a mulher agradecida normalmente irá arrepender-se os seus pecados e se casar com o benfeitor. Em qualquer caso, quando a Mula reverte à forma humana da mulher amaldiçoada, esta estará completamente nua, suada e com cheiro de enxofre.
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